quinta-feira, 2 de junho de 2011


* Antichrist de Lars Von Trier


Os frutos respiram-se primeiro delicadamente. Absorvem-se. Transformam-se em carne e em sangue. Em espírito flexível, perpassar que sentimos nos dedos. Os frutos depois surgem nos olhos. De noite ficam acesos, cintilam como as estrelas. Tornam-se inquietantes, ameaçam. De dia os frutos escorrem da boca e se não são bem compreendidos, e a tempo, acabam por perder-se. Vera tinha comido duas laranjas inteiras num instante, com uma certa sofreguidão natural. É natural ter fome e ter sede. É natural amar mais do que uma vez, estender as mãos para a frente e esperar que floresçam. É natural abrir os olhos e ver. Mas apesar de já ter comido a fruta e de já ter saído da janela Vera não via nada.

* "As Palavras, que Pena" de I.K. Centeno


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